Aurélia Frey & Emmanuel Faivre

Depois de uma residência na Islândia (verão de 2022) para Le Sortilège des Marins, um conjunto fotográfico e de paisagens sonoras (produzido na Noruega, Finlândia, Suécia, Ilhas Faroé e Islândia, seguindo os passos de poetas e escritores escandinavos), queremos continuar o nosso trabalho nas águas islandesas, na Bretanha, nas ilhas Paimpol-Goëlo e Côtes-d'Armor, e em La Rochelle, num projeto a que demos o nome de Le Murmure des Égarés (Os Sussurros dos Perdidos). Durante a nossa estadia na Islândia, em particular nos fiordes orientais de Fáskrúðsfjörður (a baía dos franceses), Mjóifjördur e Seyðisfjörður...., ficámos tocados pela vida dos "islandeses", os pescadores que deixaram a Bretanha para pescar bacalhau nas águas geladas da Islândia, algumas das quais desembarcaram no porto bacalhoeiro de La Rochelle. Inspirando-nos nos escritos de Ian Manook, Jón Kalman Stefánsson e Pierre Loti, faremos dialogar estas terras através de paisagens, interiores e arquivos visuais e sonoros. Estaremos atentos aos temas que nos tocam: a solidão, o silêncio, a fragilidade das coisas e dos seres. Destacamos estas figuras do passado, estes pescadores sujeitos a condições de trabalho extenuantes, enfrentando o frio, a chuva, a neve e os assaltos furiosos do mar da Islândia, que sabemos que raramente é pacífico. O nosso objetivo é recordar estes "islandeses", muitos dos quais nunca regressaram a casa. Fazer com que as suas vozes sejam ouvidas, ainda que apenas num sussurro... o Murmúrio dos Perdidos.